quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Estudando você

Fiz uma leitura sua nunca antes feita por ninguém
Captei tua essência de forma única
Eu te leio e releio a todo minuto
Amadureço meu ponto de vista
Pensando e repensando
Te entendo e desentendo
Te acho e te perco
Destrincho teu 'eu'
Esmiuço tua anatomia
Tentando analisar cada ponto teu
Estudando seu interior
Crio teorias que te explicam
Teorias incompletas, com diversos pontos abertos
Me perco em teu mundo
Mundo vasto, mundo denso
Repleto de vieses, mundo intenso
Rico e inconstante, sempre penso
Que teu equilíbrio causa meu desequilíbrio
Eu perco a sanidade, me inebrio de ti
Esqueço meu nome, me torno outra pessoa
Mas, pouco a pouco, eu te desbravo
Me deleito nessa intrincada aventura
E a despeito de tudo que eu já sei
Percebo que há muito a ser estudado
A cada dia evocas algo novo
E vou me aventurando por esse universo
Ciente das surpresas que me aguardam

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

E se?

Há, em mim, uma chuva de palavras não ditas
Aquele “não” que omiti por covardia
Aquele “eu te amo” que ficou preso à garganta
Aquele “oi” que poderia ter dado início a uma conversa
Há também uma chuva de gestos perdidos
Aquele beijo roubado
Aquele abraço não dado
Aquele olhar mal trocado
Sou uma tempestade de atos não realizados
Uma miríade de “se"s
E se eu fosse mais forte?
E se eu tivesse coragem?
E se fosse diferente?
Continuaria eu sendo quem sou atualmente?

E eu estrago meus pulmões
Tentando te esquecer
Revelo meus desvios
Me auto-desafio
Estudo possibilidades
Sinto a têmpora latejar
A perna esquerda bambear
Eu reviro minhas coisas
Tentando me livrar
De cada vestígio seu
Cada cigarro é um anestésico
Ainda que temporário
Eu escrevo para sanar a dor
Eu forço indiferença e finjo desamor
Eu perco a noção das horas
Demito minhas lembranças
Desfaço nossas alianças
Me perco na leitura de livros
Para disfarçar ansiedade
Ponho uma música da Adriana Calcanhotto
E pouco a pouco vou destroçando esses sentimentos
Esmiuçando a dor até ela que ela se desfaça em cacos
E então os cacos se reconstroem e me dão força
Para levantar e renascer como uma fênix
Em face à luz de um novo dia

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

E eu me pergunto
Quanto tempo dura a minha geração?
Geração ritalina e rivotril
Geração ansiedade e depressão
Geração que enriquece psicólogos
Câncer e tuberculose perderam espaço
Hoje o grande vilão afeta a mente
O avanço tecnológico divide espaço com a melancolia e a solidão
Nesse mundo globalizado onde as distâncias se anulam
Elas jamais estiveram tão curtas, mas jamais estiveram tão longas
Indivíduos mergulhados em si mesmos
Embora conectados por rede
Carecem de uma conexão física
A empatia praticamente inexiste
O egocentrismo umbiguista é o que persiste
Somos parte de um todo e, ao mesmo tempo,
Somos parte de um nada
Somos o que não poderíamos ser
Somos um mar de caos, uma verdade mentirosa
Nos escondemos atrás de máscaras e aparências
Somos todos virtualmente felizes
E internamente vazios
Se somos a engrenagem que faz o mundo girar,
Talvez o mundo pare em breve
Já que suas engrenagens estão impotentes e inaptas
Somos um geração indefinida
Incerta de nosso lugar no mundo
Buscamos uma eterna resposta
Para o que fomos, somos e poderemos ser

sábado, 7 de novembro de 2015

Cigarro

Eu odeio o cigarro
Esse condutor de ilusões
Que ostenta maravilhas
Num ciclo vicioso e eterno
Me leva ao céu e ao inferno

Primeiro traz a calmaria
Depois conduz ao turbilhão
Conhece todas as tuas fraquezas
Com ele não há salvação
Impossível ignorá-lo
Ele clama por atenção

A nuvem de fumaça me consome
Quero me ocultar nessa névoa
Que mescla um punhado de tabaco, um punhado de solidão
Esse gosto mentolado refresca meu coração

O tabaco magnetiza
A fumaça hipnotiza
O odor narcotiza
E mesmo não trazendo brisa
Eu viajo a cada trago

Talvez encurte minha vida
Mas nele encontro alento
Já que, nas palavras de Emicida
Cada cigarro leva um ano de sofrimento

sábado, 17 de outubro de 2015

Carpe

Livrar-me das certezas
Típicas respostas na ponta da língua
Sem lidar com pressões
Não me induza a decidir

Sem essa de exigir
Uma resposta incisiva
Aquele imediatez insípida
Ando prezando pelas incertezas

Vivamos o momento
Esqueçamos convicções
Não importa o amanhã
Pense menos no futuro
Sou governado pelo agora

Vem, sei que teu desejo
Vai de encontro ao meu
Vem sem cobranças
Sem hesitações
Vamos mergulhar
E nos entregar
Sem limitações
Sem complicações
Sem exaltações

Sem demandar absurdos
Quero-te aqui, agora
Durante um dia, uma semana
Dois meses, tanto faz
Não recorramos a prazos
Cuja única função é atrapalhar
A virtude dos grandes amores
É saber deixar rolar

24

O mundo girou 24 vezes
E eu nem percebi
Quando me dei conta
Já estava aqui

O mundo girou 24 vezes
E eu nem pisquei
Minha vida mudou tantas vezes
E eu sequer notei

Eu já fui rei, já fui galã
Já fui cantor, ator, mergulhei no divã
Já fui atleta, debatedor
Me enterrei em discussões, com muito ardor

Já fingi desgraças
Já dormi na praça
E tive sonhos desconexos

Costurei lembranças
Fiz interpretações desatentas
Pra viver mudanças
Abracei incertezas

Eu já bati, já apanhei
Senti dor, nem me toquei
Que a dor é necessária
É com ela que o mundo não pára

Eu já fui crente e já fui ateu
Assumir descrenças foi meu apogeu
Cometi enganos
Mudei de planos
E agora tenho 24 anos

Foi num piscar de olhos
Que o tempo passou
E nesse finito infinito
Meu mundo se formou

Eu sei que a vida mal começou
Sigo assim, ciente da minha incompletude
A vida é uma evolução perpétua
Estou preparado para qualquer vicissitude

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Segredo

Eis um pequeno segredo
A sete chaves guardado
E só agora posso confessar sem medo
Quando você não dorme, eu não durmo:
Mantenho-me acordado

sábado, 3 de outubro de 2015

Abolir

Abolir da minha vida
A necessidade de estar sempre certo
Ela alija de meu espírito
O poder de me sentir liberto

Abolir de minha história
Todos os entraves e obstáculos
Aquele velho medo
Que me distancia de obter a glória

Abolir do meu mundo
Todos os preconceitos e falsas ideias
Eles obliteram a sede pelo novo
Estão impregnados de um odor moribundo

Abolir do cotidiano
Possíveis recaídas que tragam de volta
Aquela angústia, aquele rancor diluviano

Abolir de mim
As omissões, o excesso de polidez
Quando não há erro algum em perder a linha de vez
Deixar para trás aquela velha lucidez

Quero abolir tudo o que não me é conveniente
Toda mágoa, ódio, medo
Qualquer coisa que seja empecilho
Para o ato de seguir em frente

O Mar

A água do mar salgou minha mente
Temperou meus pensamentos
Os pensamentos fizeram-se poesia
E a luz do sol, pulsante e vívida
Dissipou minhas amarguras
Livrou-me de toda a agonia

sábado, 26 de setembro de 2015

Ontem à noite

Ontem à noite me peguei ouvindo
Aquelas canções antigas
Velhas melodias que me remetem
A outra era, um mundo distante

Fiz juras a mim mesmo que jamais iria voltar
Reneguei meu passado, pensava em me degenerar
Momentos me servem somente para recordar
Não são coisas as quais pretendo me apegar

Lembrei de quando eu precisava de alguém
Não tinha ainda aprendido
A conviver com a solidão
Desconhecia um dos princípios básicos da vida:
Nascemos. Morremos. Nesse período,  estamos sozinhos
Todo o resto é ilusão

Sobrevivi e continuei
Cheguei até aqui, e para isso abdiquei
De grandes e pequenas coisas
Amigos que eram desamigos
Ideias que eram desideias
Lugares com más vibrações
Músicas com odor pueril
Piadas que matavam

Abdiquei também
Da vontade de estar sempre certo
Da falta de humildade
Deixei meu portão aberto
A tudo que é genuíno
Transformei meu mundo
Em um mundo de verdades

Acatei ao chamado dos grandes
Deixei de me apequenar diante de tudo
Percebi que a mediocridade é algo corrosivo
Execrei todos os resquícios de insignificâncias
Que insistiam em me acompanhar

Me abri para a lucidez e me fechei para as estreitezas
Que a vida volta e meia me oferece
Desprezei o bom mocismo fake
Valorizei a esquizofrenia sincera

Essa estrada é longa
O caminho é repleto de desvios
Existem alguns logo ali por perto
Mas a certeza que me acompanha
É a de que, pela primeira vez,
Tomei o rumo que é certo


quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Ana

Ana veio de onde o sol brilha mais forte
Veio trazer a sua magia
Para nos encantar

Ana trouxe consigo marcas de batalha
Tinha nome de guerreira 
Deixou sua marca em toda a parte

Ana, dispersa na vida
Sem saber o que fazer
Pensou em se acabar
Caminhou, se aninhou
Aguentou até o fim

Andou só
Peregrinando, passeando
Vacilando pela falta do que fazer
Se calando pela falta do que dizer

Até que se foi
Quando esgotaram-se suas forças
Foi-se antes do tempo certo
Existiu para deixar saudades

Ana, nome intenso, múltiplo
Evoca multidões
Atrai lembranças
Nome que se confunde e se funde
Conjura imagens das mais diversas

Nome de quem muda o mundo
De quem transforma o próximo
Com esse nome, conheci várias
Cada uma se fixando à sua maneira,
Deixando sua assinatura

Existiu uma outra Ana, essa quase inatingível
Seu brilho beirava o indescritível
Seu olhar era um calmante
Olhar de lucidez
Olhar que não se esquece

Seu charme se misturava com sua impavidez
E te atraía, com uma força magnética
Contra a sua vontade, ela te tragava
Pra perto do seu emaranhado de incertezas
Te atormentava, fazia sumir a tua razão
Sem perceber, estavas envolto em uma nuvem de encantos

Ela mudava tua vida
Alterava a tua realidade
Povoava teus sonhos
Ocupava tua mente
Permeava tuas lembranças

Ana era tua ruína e ao mesmo tempo a tua salvação
Se manifestava através de sonhos e de ilusão
Corroía tuas veias, destruía teu equilíbrio
Fazía com que tudo virasse ela e não proporcionava alívio

Se disfarçava em mil fantasias
Te fazia esquecê-la e depois lembrá-la
Continuamente, num ciclo interminável
Uma espécie de eterno retorno Nietzscheano

Ana, nome de múltiplas facetas
Surge em momentos inesperados
E vai assim, permeando tua vida
Reaparecendo de quando em quando
De surpresa em vários cantos

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Desanuviar

Já me desfiz das memórias ruins
Velhas opiniões, planos e afins
Já suspendi meus velhos julgamentos
Já explodi em grandes sentimentos

Resolvi mudar de vida, tentar de novo
Me inseri em novos contextos, me reinventei
Me abri para as novas possibilidades
Estreitei laços, apertei passos

Uma eterna metamorfose, uma evolução sem fim
Ando abraçando delicadezas e expulsando deselegâncias
Não careço de opiniões, guarde-as para ti
Mereço a honestidade de quem me quer bem

Já disseram que sou incrível
Já disseram que sou estranho
Já disseram que sou poeta
E cada vez chego mais perto da minha meta

Já mandaram eu me calar
"Guarde suas ideias para si mesmo"
Fui chamado de Jesus, salvador da pátria
De pseudo-cult, de falso vegetariano

Cada ferida que em mim sara
É mais um tapa na sua cara
Nem atos passados nem os que estão por vir
Possuem a força necessária para me destruir

Hoje o dia vai ser meu grande aliado
Jamais tive a arrogância de me crer finalizado
Tenho ainda um longo caminho a trilhar
E sigo esperando esse caminho desanuviar

domingo, 9 de agosto de 2015

No tempo em que havia solidão

No tempo em que havia solidão
Eu mal tinha ideia da minha imensidão
Nesse tempo, eu celebrava minhas doces viagens imaginárias
Exaltava as coisas simples
Perdia-me no absoluto

No tempo em que havia solidão, eu não pensava da forma correta
Concordava com absurdos, defendia o indefensável
Sacrificava o idealismo em nome da aceitação
Existia puramente por existir, era desprovido de ideais

No tempo em que havia solidão, faltava-me a coragem
Para os embates e para a guerra
Tanto eu possuía e nada eu aproveitava
Não sabia onde poderia chegar
Não suspeitava da dimensão do meu poder

No tempo em que havia solidão
Eu poderia ter feito diferente
Mas então não me tornaria o que hoje sou
É graças aos erros de outrora
Que hoje posso discernir o bom do ruim,
O canalha do honrado, o ignorante do sábio

Já não preciso mais de pseudo-amigos, de gente vil e pequena, de passos falsos,
De falsos-sábios e mentes fechadas

Já não tolero mais o preconceito, a intolerância,
Pré-julgamentos ignorantes disfarçados de piada

Não me apetece mais a falta de empatia
Daqueles que não pensam antes de falar

Busco agora o real, o honesto
Cerquei-me de grandes pessoas
E ganhei a admiração daqueles que admiro

Mas nada disso teria sido possível
Se não tivesse existido
O tempo em que havia solidão

sexta-feira, 17 de julho de 2015

Recado aos intolerantes

A minha luta não é banal
Luto por um mundo
Onde você e eu
Tenhamos valor igual

Você quer me mudar
Não aceita o diferente
Vive bradando aos quatro cantos
"Não, não sou obrigado a concordar com essa gente"

Diz que não tem preconceitos
Que aceita esses vagabundos
Desde que fiquem na encolha
Não se mostrem para o mundo

Irmão, pois eu lhe digo
Aquele que morreu na cruz
Aquele que você finge seguir, amigo
Defendia os oprimidos

Você se mostra forte
Tem pose de durão
Se acha o defensor
Da família e da nação

Tudo isso para esconder
Essa pobreza de espírito
Esse vazio intelectual
Essa mediocridade total

Você é tão honesto
Tão perfeito e tão certinho
Rei da moral e bons costumes
Invejo sua integridade

Sua perfeição é tanta
Que você quer limpar o mundo
Dos imorais e sem vergonhas
Dos que corrompem a sociedade

Essas bichas, esses pretos
Comunistas e maconheiros
Prostitutas, trans, lésbicas
Todos os desviados, dignos de pena

Talvez isso faça sentido
Aí dentro da tua mente
Pois a mesma é tão pequena
Que é quase inexistente

E nessa gana de odiar, não percebes
Que a história vai mostrar
Quem é errado e quem é certo
Veremos quem vai triunfar

Pois eu lhe digo:
Um dia você vai ver
Tudo isso vai mudar

O mundo vai caminhar
E quando olhar para trás
Você vai ser envergonhar

E minha única certeza, nesse momento:
Você é ódio, eu sou amor
Você é preconceito, eu sou aceitação
Você é ignorância, eu sou conhecimento

sexta-feira, 10 de julho de 2015

Vem

Vem cá
Entra pela porta
Tira os sapatos
Chega pra ficar

Deita aqui
Vem invadir meu mundo
Dividir suas mágoas e alegrias
E deixa eu mergulhar em ti, bem fundo

Deixa para trás as agonias
Aqui a aflição se esvai
Na confluência de dois corpos
O resto do mundo se subtrai

Nessa casa que é em parte solidão,
Tu serás minha distração
Nessa fria madrugada de quinta
Vem abrir seu coração

Vem sem medo, sem receio
Vem trazendo o seu melhor
Sem pensar no amanhã
Deixa a noite nos guiar

Hoje o mundo somos nós
Apenas eu e você, meu bem
Quero te mostrar o meu melhor
Ao menos uma vez

Eu só quero ter sua companhia
Esse lugar é tão banal
Mas só de ter você aqui
Sei que não há outro igual

terça-feira, 9 de junho de 2015

O triste fim de Rebeca e José Arcádio

Rebeca, a solidão te encontrou
Presa em tua casa, teu coração se dilacerou
Perdeste a alma faz tempo
O que resta é uma casca vazia
Um invólucro oco, sem vida e sem alento

José Arcadio, a vida não o perdoou
Morto sem razão, por todos os pecados pagou
Sem mais nem menos, tua vida se dissipou
Ao partir, cheiro de pólvora surgiu
E jamais se esvaiu

Ah, triste destino do casal
Após grandes percalços enfrentados
Amaranta, Pietro Crespi
A reprovação de Úrsula
Por fim, a soledade triunfou

Rebeca, exilada em seu lar
Imersa em si própria
Pelo isolamento optou
Com seus olhos fosforescentes, como um gato
E de lá jamais retornou

quarta-feira, 8 de abril de 2015

Vai ver

Vai ver você nem quis
Vai ver você não lembra
Vai ver foi só o momento
Vai ver que eu exagerei

Vai ver você queria
Vai ver eu nem sabia
Vai ver sou um fugitivo
Vai ver eu vacilei

Vai ver não tive coragem
Vai ver você não esqueceu
Vai ver eu me enganei
Vai ver você gostou

Vai ver eu fui usado
Vai ver não era pra ser
Vai ver não era de verdade
Vai ver foi só vontade

Vai ver você foi embora
Vai ver já era hora
Vai ver não pude enxergar
Vai ver não vou saber

Vai ver ainda há tempo
Vai ver nós somos jovens
Vai ver nos reencontramos
Vai ver que iremos ver

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Poema torto

Eu tenho sonhos eloquentes
Tenho desejos efervescentes
Sou aquela miragem decadente
Que tu insiste em idealizar
Sonhando, como um crente
Um dia me conquistar
E tua dor, acreditas
Eu posso aliviar

Eu sou de todo ilusão
Sou apenas mais um
Que parte do nada
Para chegar a lugar nenhum

Eu sou essa coisa indefinida:
Parte morte, parte vida
Parte cicatriz, parte ferida
Liquidando corações, quase um homicida

Não me tomes como perfeito,
Não mereço ternuras
Sou apenas um sujeito
Dominado por amarguras
Sou como um edifício novo,
Porém repleto de rachaduras

E por favor, não me obrigue
A preencher tua ilusão
Eu evito, ao menos uma vez
Arrasar um coração