domingo, 9 de agosto de 2015

No tempo em que havia solidão

No tempo em que havia solidão
Eu mal tinha ideia da minha imensidão
Nesse tempo, eu celebrava minhas doces viagens imaginárias
Exaltava as coisas simples
Perdia-me no absoluto

No tempo em que havia solidão, eu não pensava da forma correta
Concordava com absurdos, defendia o indefensável
Sacrificava o idealismo em nome da aceitação
Existia puramente por existir, era desprovido de ideais

No tempo em que havia solidão, faltava-me a coragem
Para os embates e para a guerra
Tanto eu possuía e nada eu aproveitava
Não sabia onde poderia chegar
Não suspeitava da dimensão do meu poder

No tempo em que havia solidão
Eu poderia ter feito diferente
Mas então não me tornaria o que hoje sou
É graças aos erros de outrora
Que hoje posso discernir o bom do ruim,
O canalha do honrado, o ignorante do sábio

Já não preciso mais de pseudo-amigos, de gente vil e pequena, de passos falsos,
De falsos-sábios e mentes fechadas

Já não tolero mais o preconceito, a intolerância,
Pré-julgamentos ignorantes disfarçados de piada

Não me apetece mais a falta de empatia
Daqueles que não pensam antes de falar

Busco agora o real, o honesto
Cerquei-me de grandes pessoas
E ganhei a admiração daqueles que admiro

Mas nada disso teria sido possível
Se não tivesse existido
O tempo em que havia solidão

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