sábado, 26 de setembro de 2015

Ontem à noite

Ontem à noite me peguei ouvindo
Aquelas canções antigas
Velhas melodias que me remetem
A outra era, um mundo distante

Fiz juras a mim mesmo que jamais iria voltar
Reneguei meu passado, pensava em me degenerar
Momentos me servem somente para recordar
Não são coisas as quais pretendo me apegar

Lembrei de quando eu precisava de alguém
Não tinha ainda aprendido
A conviver com a solidão
Desconhecia um dos princípios básicos da vida:
Nascemos. Morremos. Nesse período,  estamos sozinhos
Todo o resto é ilusão

Sobrevivi e continuei
Cheguei até aqui, e para isso abdiquei
De grandes e pequenas coisas
Amigos que eram desamigos
Ideias que eram desideias
Lugares com más vibrações
Músicas com odor pueril
Piadas que matavam

Abdiquei também
Da vontade de estar sempre certo
Da falta de humildade
Deixei meu portão aberto
A tudo que é genuíno
Transformei meu mundo
Em um mundo de verdades

Acatei ao chamado dos grandes
Deixei de me apequenar diante de tudo
Percebi que a mediocridade é algo corrosivo
Execrei todos os resquícios de insignificâncias
Que insistiam em me acompanhar

Me abri para a lucidez e me fechei para as estreitezas
Que a vida volta e meia me oferece
Desprezei o bom mocismo fake
Valorizei a esquizofrenia sincera

Essa estrada é longa
O caminho é repleto de desvios
Existem alguns logo ali por perto
Mas a certeza que me acompanha
É a de que, pela primeira vez,
Tomei o rumo que é certo


quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Ana

Ana veio de onde o sol brilha mais forte
Veio trazer a sua magia
Para nos encantar

Ana trouxe consigo marcas de batalha
Tinha nome de guerreira 
Deixou sua marca em toda a parte

Ana, dispersa na vida
Sem saber o que fazer
Pensou em se acabar
Caminhou, se aninhou
Aguentou até o fim

Andou só
Peregrinando, passeando
Vacilando pela falta do que fazer
Se calando pela falta do que dizer

Até que se foi
Quando esgotaram-se suas forças
Foi-se antes do tempo certo
Existiu para deixar saudades

Ana, nome intenso, múltiplo
Evoca multidões
Atrai lembranças
Nome que se confunde e se funde
Conjura imagens das mais diversas

Nome de quem muda o mundo
De quem transforma o próximo
Com esse nome, conheci várias
Cada uma se fixando à sua maneira,
Deixando sua assinatura

Existiu uma outra Ana, essa quase inatingível
Seu brilho beirava o indescritível
Seu olhar era um calmante
Olhar de lucidez
Olhar que não se esquece

Seu charme se misturava com sua impavidez
E te atraía, com uma força magnética
Contra a sua vontade, ela te tragava
Pra perto do seu emaranhado de incertezas
Te atormentava, fazia sumir a tua razão
Sem perceber, estavas envolto em uma nuvem de encantos

Ela mudava tua vida
Alterava a tua realidade
Povoava teus sonhos
Ocupava tua mente
Permeava tuas lembranças

Ana era tua ruína e ao mesmo tempo a tua salvação
Se manifestava através de sonhos e de ilusão
Corroía tuas veias, destruía teu equilíbrio
Fazía com que tudo virasse ela e não proporcionava alívio

Se disfarçava em mil fantasias
Te fazia esquecê-la e depois lembrá-la
Continuamente, num ciclo interminável
Uma espécie de eterno retorno Nietzscheano

Ana, nome de múltiplas facetas
Surge em momentos inesperados
E vai assim, permeando tua vida
Reaparecendo de quando em quando
De surpresa em vários cantos