sábado, 26 de setembro de 2015

Ontem à noite

Ontem à noite me peguei ouvindo
Aquelas canções antigas
Velhas melodias que me remetem
A outra era, um mundo distante

Fiz juras a mim mesmo que jamais iria voltar
Reneguei meu passado, pensava em me degenerar
Momentos me servem somente para recordar
Não são coisas as quais pretendo me apegar

Lembrei de quando eu precisava de alguém
Não tinha ainda aprendido
A conviver com a solidão
Desconhecia um dos princípios básicos da vida:
Nascemos. Morremos. Nesse período,  estamos sozinhos
Todo o resto é ilusão

Sobrevivi e continuei
Cheguei até aqui, e para isso abdiquei
De grandes e pequenas coisas
Amigos que eram desamigos
Ideias que eram desideias
Lugares com más vibrações
Músicas com odor pueril
Piadas que matavam

Abdiquei também
Da vontade de estar sempre certo
Da falta de humildade
Deixei meu portão aberto
A tudo que é genuíno
Transformei meu mundo
Em um mundo de verdades

Acatei ao chamado dos grandes
Deixei de me apequenar diante de tudo
Percebi que a mediocridade é algo corrosivo
Execrei todos os resquícios de insignificâncias
Que insistiam em me acompanhar

Me abri para a lucidez e me fechei para as estreitezas
Que a vida volta e meia me oferece
Desprezei o bom mocismo fake
Valorizei a esquizofrenia sincera

Essa estrada é longa
O caminho é repleto de desvios
Existem alguns logo ali por perto
Mas a certeza que me acompanha
É a de que, pela primeira vez,
Tomei o rumo que é certo


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