sábado, 17 de outubro de 2015

Carpe

Livrar-me das certezas
Típicas respostas na ponta da língua
Sem lidar com pressões
Não me induza a decidir

Sem essa de exigir
Uma resposta incisiva
Aquele imediatez insípida
Ando prezando pelas incertezas

Vivamos o momento
Esqueçamos convicções
Não importa o amanhã
Pense menos no futuro
Sou governado pelo agora

Vem, sei que teu desejo
Vai de encontro ao meu
Vem sem cobranças
Sem hesitações
Vamos mergulhar
E nos entregar
Sem limitações
Sem complicações
Sem exaltações

Sem demandar absurdos
Quero-te aqui, agora
Durante um dia, uma semana
Dois meses, tanto faz
Não recorramos a prazos
Cuja única função é atrapalhar
A virtude dos grandes amores
É saber deixar rolar

24

O mundo girou 24 vezes
E eu nem percebi
Quando me dei conta
Já estava aqui

O mundo girou 24 vezes
E eu nem pisquei
Minha vida mudou tantas vezes
E eu sequer notei

Eu já fui rei, já fui galã
Já fui cantor, ator, mergulhei no divã
Já fui atleta, debatedor
Me enterrei em discussões, com muito ardor

Já fingi desgraças
Já dormi na praça
E tive sonhos desconexos

Costurei lembranças
Fiz interpretações desatentas
Pra viver mudanças
Abracei incertezas

Eu já bati, já apanhei
Senti dor, nem me toquei
Que a dor é necessária
É com ela que o mundo não pára

Eu já fui crente e já fui ateu
Assumir descrenças foi meu apogeu
Cometi enganos
Mudei de planos
E agora tenho 24 anos

Foi num piscar de olhos
Que o tempo passou
E nesse finito infinito
Meu mundo se formou

Eu sei que a vida mal começou
Sigo assim, ciente da minha incompletude
A vida é uma evolução perpétua
Estou preparado para qualquer vicissitude

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Segredo

Eis um pequeno segredo
A sete chaves guardado
E só agora posso confessar sem medo
Quando você não dorme, eu não durmo:
Mantenho-me acordado

sábado, 3 de outubro de 2015

Abolir

Abolir da minha vida
A necessidade de estar sempre certo
Ela alija de meu espírito
O poder de me sentir liberto

Abolir de minha história
Todos os entraves e obstáculos
Aquele velho medo
Que me distancia de obter a glória

Abolir do meu mundo
Todos os preconceitos e falsas ideias
Eles obliteram a sede pelo novo
Estão impregnados de um odor moribundo

Abolir do cotidiano
Possíveis recaídas que tragam de volta
Aquela angústia, aquele rancor diluviano

Abolir de mim
As omissões, o excesso de polidez
Quando não há erro algum em perder a linha de vez
Deixar para trás aquela velha lucidez

Quero abolir tudo o que não me é conveniente
Toda mágoa, ódio, medo
Qualquer coisa que seja empecilho
Para o ato de seguir em frente

O Mar

A água do mar salgou minha mente
Temperou meus pensamentos
Os pensamentos fizeram-se poesia
E a luz do sol, pulsante e vívida
Dissipou minhas amarguras
Livrou-me de toda a agonia